Fonte: O Tempo
De acordo com a Associação Americana de Ansiedade e Depressão, uma em cada oito crianças pode apresentar sintomas de ansiedade, desenvolvendo de quadros mais leves até os patológicos. E, para os especialistas, esse número tende a aumentar por causa da rotina atribulada e cheia de cobranças da vida moderna.
Segundo o neurologista Cláudio Costa, especializado em neurologia infanto-juvenil e professor da Faculdade Ipemed, em Belo Horizonte, é necessário saber diferenciar o que é a ansiedade em excesso. "(A ansiedade) trata-se de uma reação normal do organismo diante de qualquer ameaça à integridade do ser, que pode ser real ou imaginária. Mas se há alguma reação neurofisiológica que implica alterações físicas ou comportamentais, deve-se ficar de olho", explica.
Ele orienta que pais ou responsáveis devem estar atentos a sinais emocionais como tristeza, medo, preocupação, alterações repentinas de humor, crises de choro e isolamento. Já os sintomas físicos podem incluir distúrbios do sono, agitação, alterações gastrointestinais e náuseas.
Observação e diálogo. Ficar de olho no cotidiano das crianças é um dos segredos, de acordo com o neurologista. "A observação e o diálogo são ferramentas imprescindíveis para que se perceba, na criança ou no adolescente, possíveis sinais de sofrimento", afirma.
Na opinião, da psicopedagoga Beatriz Martins, especialista em psicologia infantil, o que os pequenos fazem e sentem relaciona-se com o que pensam. "Ensinar a criança a mudar a sua forma de pensar pode ajudá-la ter controle sobre a ansiedade", diz.
O tratamento, segundo ela, vai depender do grau de ansiedade diagnosticado. "Se for uma questão mais emocional, temos a terapia cognitiva comportamental. Em situações mais graves "muito raras", temos uma terapia multidisciplinar com o acompanhamento de profissionais como psicólogo e psiquiatra", esclarece a especialista.
Choro, birra e medo a quase todo momento
Sophia Rosa, 3, é tão ativa que só para na hora de dormir. Segundo Polliana Rosa, mãe da menina, ela não fica com o mesmo brinquedo por muito tempo. Se está sozinha, chora e sai pela casa à procura da primeira pessoa que aparecer. "Uma das únicas coisas que a faz parar é o celular. Quando o entrego, ela consegue ficar quietinha por um bom tempo. Se tiro (o celular), começa tudo de novo", conta.
A mãe decidiu falar com o pediatra de Sophia sobre os sintomas. "Acho ela muito nova para ter esse tipo de coisa, mas o médico me pediu para esperar alguns meses e ver se esse comportamento vai continuar, já que pode ser uma fase", diz. Caso algum quadro grave seja diagnosticado, Polliana afirma que vai seguir a orientação do médico e buscar tratamento adequado.